terça-feira, 28 de julho de 2009

O primeiro conto de Ester

Ester sentou-se num banco de praça. Seu vestido azul transcende a serenidade que toca-lhe a alma. Aí de onde se encontra dá para ver o mar, e quando fecha os olhos a mulher consegue ouvir tímidas ondas, que parecem deslizar no mar estendido.
Há um quê de desapontamento na serenidade de Ester. Ela lembra de algum de seus casos, de algumas das camas em que se deitou- e suspira, parecendo meio cansada desses curta-metragens que correm em sua memória. Seria vulgaridade ou pressa?. A sucessão de seus homens seria luxúria de mulher vadia, ou seria o desespero por encontrar terra firme?
Essas indagações parecem tirar Ester da órbita terrestre; levam-na paro outro sistema, com outras constelações e outros planetas. Repentinamente ela retorna à Terra: o vento intensifica-se, e rouba-lhe o chapéu; a mulher corre desajeitadamente para buscar seu acessório.
Depois do esforço físico, ainda ofegante, Ester dá uns tapinhas para retirar a poeira do seu chapéu. Coloca-o de volta na sua cabeça. Seus cabelos parecem meio desarrumados agora.
De posse de seu chapéu ela retorna ao banco, sentando-se sem a mínima pressa; não há compromissos ou alguém a lhe esperar... No corpo e na alma de Ester vão uma tristeza e solidão incrivelmente serenos.
Estática, a contemplar o mar, ela parece querer fazer hora; quer ver o tempo correr diante de sua inércia para que possa errar menos. Ester tenta enganar o Tempo para que haja menos ilusões e corações machucados, inclusive o seu.

2 comentários:

  1. Você podia trabalhar um pouco mais essa aqui. Ester é delineada como uma mulher tão intensa e tão ávida, confusa e decidida ao mesmo tempo...cativou-me instantaneamente. Tá ótimo, mas dava para trabalhar mais em cima dele.

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  2. Acredito que não tenha realizado o exercício porque não havia escrito coisa alguma em prosa. tenho muita dificuldade em "consertar"os escritos e só agora começo a revisar, modificando as coisas originais. Certamente estás certa!
    tentarei seguir no próximo esboço.

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