terça-feira, 1 de março de 2011

E assim surge a beleza de uma mulher (de Ester e tantas outras)

Ester nunca entendeu bem o acaso da beleza.
Em seu caso ela brotou meio que por acaso
A moça sempre fora vaidosa principalmente de dentro pra fora, em vez de fora pra dentro]
(Aliás como a maioria das meninas não geniais costumam ser.)
Orgulhava-se de seu quê de humanismo, ainda que fosse consideravelmente precário.
Suspirava briosamente por seu gênio facilmente reconhecível. É que existe uma força intrínseca nela que repentinamente pode fazer o outro calar.]
Envaidecida, ela pecaminasomente ama essas coisas que têm dentro de si, que podem se resumir numa espécie de bravura, que a torna capaz de duelar.
Contudo, não costumava se gabar tanto pelos olhos, boca e quadris. Aliás, demorou um tempo para vê-los assim.
É que para Ester toda essa alegoria apenas ressaltava sua personalidade irriquieta.
Os ossos, carnes e cabelos apenas refletissem o tempero de seu espírito deliciosamente malicioso.
E, para Ester, sua aparência nada seria sem essa pimenta de espírito.
Essa coisa quente e incômoda que a torna inquieta, exaltada, alterada.
Essa ardência de alma que faz dela essa coisa assim: que ou se ama, ou se odeia, ou se é simplesmente indiferente...
Essa volúpia de Ester...
Essa volúpia é de quem acredita ser especial.
De quem vive cada dia lutando para ser especial.
Tal é a beleza de Ester, esse conjunto de coisas que vai do cabelo às carnes sensuais daquela mulher, que no fundo é negra.
Beleza, que como tantas outras do Mundo, podem passar terrivelmente - para nossa Ester, é claro - despercebidas.