Ester, andando na beira da praia
sapatos nas mãos, maquiagem borrada. Dona de intensas felicidades-relâmpagos..de uma vida com alguns escândalos, de um caráter e de um orgulho igualmente imensuráveis.
Ester é mulher para se entregar, para se deixar levar- por querer- Ester quer encontrar.
Todavia, é mulher para virar, dar a volta e simplesmente voltar- porque Ester quer encontrar.
E assim diverte-se em sua busca, pela sua força de mulher bandida, pelo seus sonhos de mulher apaixonada, pela sua força de mulher determinada.
E lá vem Ester, caminhando na praia, ritualizando mais um início,
mais um começo daquela sua velha procura de sempre...
Uma tentativa sincera de transmitir ao papel, e depois apresentar a este espaço virtual, as sensações de uma vida agradavelmente inquieta. Agradável sim, meus caros, porque senão fosse essa tal inquietude não teria sobre o que discorrer, e não haveria por quê existir uma Ester, e tampouco seus escritos.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
domingo, 20 de setembro de 2009
À espera do ônibus vi um moço sem o pé
Perguntei se estava com fome. Ele disse que não e agradeceu.
Não me olhou nos olhos. Olhava para baixo como se não pudesse me encarar.
Tiraram a dignidade daquele moço.
Alguns transeuntes olhavam-no
uns com dó, outros com repúdio.
Como erguer a cabeça assim?
Eu te compreendo, moço.
Respeito o teu olhar baixo - apesar de querer te ver de cabeça erguida.
Respeito tua dor e tua vergonha.
Pergunto-me com que direito todos estamos agasalhados e limpos enquanto estás sujo e maltrapilho.
Com que Direito tiraram teus direitos básicos
tua dignidade, teu direito de homem?
Que igualdade é essa? Que liberdade é essa?
Usurpadoras do fundamental
Que matam de fome e de indignidade?
Perguntei se estava com fome. Ele disse que não e agradeceu.
Não me olhou nos olhos. Olhava para baixo como se não pudesse me encarar.
Tiraram a dignidade daquele moço.
Alguns transeuntes olhavam-no
uns com dó, outros com repúdio.
Como erguer a cabeça assim?
Eu te compreendo, moço.
Respeito o teu olhar baixo - apesar de querer te ver de cabeça erguida.
Respeito tua dor e tua vergonha.
Pergunto-me com que direito todos estamos agasalhados e limpos enquanto estás sujo e maltrapilho.
Com que Direito tiraram teus direitos básicos
tua dignidade, teu direito de homem?
Que igualdade é essa? Que liberdade é essa?
Usurpadoras do fundamental
Que matam de fome e de indignidade?
Brincadeira de beija-flor
Beija-flor beijaste tanto
como sabes do que gostas - da margarida ou da tulipa?
-Beija-flor gosta das duas rosas
Mas qual delas tu preferes?
a que beijaste agora ou a que podes beijar depois?
-A rosa que beijo agora beijaria por todo o sempre
mas me parece que aquela rosa está agora um pouco diferente
Uma nova rosa é outro sonho
outro suspiro e outro dilema
Mas preferir, prefiro a branca.
Ah, Beija-flor, pobre da rima deste poema!
-O perfume da outra também me provoca
Mas a rosa-rosa é outro poema.
Beija-flor
o que farás tu?
com tantas rosas para beijar..
Porque não viras logo um urubu?!
como sabes do que gostas - da margarida ou da tulipa?
-Beija-flor gosta das duas rosas
Mas qual delas tu preferes?
a que beijaste agora ou a que podes beijar depois?
-A rosa que beijo agora beijaria por todo o sempre
mas me parece que aquela rosa está agora um pouco diferente
Uma nova rosa é outro sonho
outro suspiro e outro dilema
Mas preferir, prefiro a branca.
Ah, Beija-flor, pobre da rima deste poema!
-O perfume da outra também me provoca
Mas a rosa-rosa é outro poema.
Beija-flor
o que farás tu?
com tantas rosas para beijar..
Porque não viras logo um urubu?!
O cão e o frango
O cão é preto e levado
O frango é seu amigo - o frango de plástico!
O primeiro furta os ossos do lixo, ladrão esperto.
O dia todo é assim: o cão levado traz na boca seu frango quieto!
O frango, em gemidos, na boca do cão
O cão o sacode, o abraça, o solta:
E lá vai o Cocó, parar estendido com a crina no chão.
Mas na boca daquele cãozinho
o plástico desse franguinho parece até um monte de penas
É o cãozinho, que tem magia de criança
(criança canina!)
E transmite um pouco de sua vida
ao seu querido amigo Cocó.
O frango é seu amigo - o frango de plástico!
O primeiro furta os ossos do lixo, ladrão esperto.
O dia todo é assim: o cão levado traz na boca seu frango quieto!
O frango, em gemidos, na boca do cão
O cão o sacode, o abraça, o solta:
E lá vai o Cocó, parar estendido com a crina no chão.
Mas na boca daquele cãozinho
o plástico desse franguinho parece até um monte de penas
É o cãozinho, que tem magia de criança
(criança canina!)
E transmite um pouco de sua vida
ao seu querido amigo Cocó.
Cisma
Não esperes muito das horas
elas podem ironizar-te
e podem custar longo tempo a passar.
Cuidado com o copo de leite que carregas
enquanto caminhas para a cama.
Distraída nas horas como andas
ele pode virar sobre a roupa que vestes.
Da mesma maneira cuidado com o que desejas
com teus sonhos e tuas vontades
eles podem não ser verdadeiramente o que tu desejas.
Fique atenta à mente vazia,
à casualidade das coincidências,
aos murmuros ao pé do ouvido,
às conversas insanas.
Olha tudo ao teu redor
Confere as coisas, as pessoas e os sentidos
Cuidado quando acordares e quando fores deitar.
Cuidado com o que tu pedes
e no que tu acreditas.
Cuidado, Ester.
elas podem ironizar-te
e podem custar longo tempo a passar.
Cuidado com o copo de leite que carregas
enquanto caminhas para a cama.
Distraída nas horas como andas
ele pode virar sobre a roupa que vestes.
Da mesma maneira cuidado com o que desejas
com teus sonhos e tuas vontades
eles podem não ser verdadeiramente o que tu desejas.
Fique atenta à mente vazia,
à casualidade das coincidências,
aos murmuros ao pé do ouvido,
às conversas insanas.
Olha tudo ao teu redor
Confere as coisas, as pessoas e os sentidos
Cuidado quando acordares e quando fores deitar.
Cuidado com o que tu pedes
e no que tu acreditas.
Cuidado, Ester.
sábado, 12 de setembro de 2009
Rouxinol Perdido
Sou eu teu Rouxinol
Amando-te, canto para ti
Quando penso que tu gostas do meu cantarolar
Tu me prendes numa gaiola.
Triste, sussurro uma canção quase de dor- Rouxinol Acuado.
Então vens tu, perto da gaiola em que me deixaste, a pedir pelo meu canto quase-interrompido.
E eu, Rouxinol Feliz, novamente torno a cantar.
Gostas ainda mais do canto do teu Rouxinol, depois que interrompe-o, aparentemente esgotado?
Parece-me incoerente. Meu canto te encanta. Eu sei.
Mas teu Rouxinol deveras cantante parece em muitos momentos te aflingir.
O que te pareces? Tanto canto de amor perversamente machuca teus ouvidos?!
O que te parece, dono do Rouxinol?
Assim, reprimo-me eu, Rouxinol.
Meu canto é de amor, não de aflição.
Escuta e ouve - deixa o som invadir teus ouvidos
e tocar também teu coração.
E se não quiseres este canto, se não gostares,não há motivos para aflição.
Apenas deixa o Rouxinol voar.
Que voando ele procurará outro abrigo.
Amando-te, canto para ti
Quando penso que tu gostas do meu cantarolar
Tu me prendes numa gaiola.
Triste, sussurro uma canção quase de dor- Rouxinol Acuado.
Então vens tu, perto da gaiola em que me deixaste, a pedir pelo meu canto quase-interrompido.
E eu, Rouxinol Feliz, novamente torno a cantar.
Gostas ainda mais do canto do teu Rouxinol, depois que interrompe-o, aparentemente esgotado?
Parece-me incoerente. Meu canto te encanta. Eu sei.
Mas teu Rouxinol deveras cantante parece em muitos momentos te aflingir.
O que te pareces? Tanto canto de amor perversamente machuca teus ouvidos?!
O que te parece, dono do Rouxinol?
Assim, reprimo-me eu, Rouxinol.
Meu canto é de amor, não de aflição.
Escuta e ouve - deixa o som invadir teus ouvidos
e tocar também teu coração.
E se não quiseres este canto, se não gostares,não há motivos para aflição.
Apenas deixa o Rouxinol voar.
Que voando ele procurará outro abrigo.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
A dança dos dois irmãos
Na dança daqueles irmãos havia tempero,
era a cor, o amor e o gênio.
Meus negos tinham um gingado!
Meus não. Nossos, meus e da Flor.
Não há mais dança, só há saudade. Muitíssima.
Enquanto dançavam o coração do mais novo cansou.
E a mais velha, sofre, sem par e sem irmão.
E agora, sofremos sem ele,
a Irmã, a Flor, eu.. Todos.
É que ele não joga mais capoeira nem a pelada,
Na reunião da diretoria ele também não faz mais quitutes,
Nosso quituteiro,nosso capoeira, nosso encrenqueiro e nosso amado.
Nosso Rogério.
era a cor, o amor e o gênio.
Meus negos tinham um gingado!
Meus não. Nossos, meus e da Flor.
Não há mais dança, só há saudade. Muitíssima.
Enquanto dançavam o coração do mais novo cansou.
E a mais velha, sofre, sem par e sem irmão.
E agora, sofremos sem ele,
a Irmã, a Flor, eu.. Todos.
É que ele não joga mais capoeira nem a pelada,
Na reunião da diretoria ele também não faz mais quitutes,
Nosso quituteiro,nosso capoeira, nosso encrenqueiro e nosso amado.
Nosso Rogério.
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