terça-feira, 13 de outubro de 2009

em defesa dos meus escritos

Escrevo minha arte.
Meus escritos são como folhas de um diário rasgado.
Folhas de um diário com algum componente criativo, alguma invenção.
Minhas palavras não pretendem causar o choque nem ousadia
O desafio é existir em si mesma. Livre de mim minha escrita é arte.
Porque arte não é o belo, o delicado, o singelo
tampouco é o feio, o rude, o complicado
artístico é o subjetivo, é o que se afina não só ao suposto artista
arte é menina órfã, querendo brincar e pegar nossas mãos
Se brincamos com a menina, sentimo-na de perto, então ela toca.
Tal é a arte. Toque. Aproximação. Afastamento. Reação.

Quando escrevo minhas cousas
quero tirá-las de dentro de mim
para derramá-las enfim sobre um papel
- senão transbordo de amor e fúria.

Por isso meus poemas são arte
São subjetivos na sua verdade - componente factual-
Tanto quanto na sua mentira - componente ficcional-
E minhas palavras não pretendem a beleza, riqueza, choque, espanto, rima ou estética.
Elas são como feixes de luz
disparam em diversos rumos aceleradas e dramatizadas.
Percorrem alguns cantos escuros e seguem em frente..
Por isso as chamo de arte.

Sigo a realizar essa transmissão unilateral:
eu - sentimentos - poema.

Não digo que constituem-se enquanto arte porque fazem parte de mim
Não, elas deixam de ser meus sentimentos exclusivamente quando tomam forma de poemas.
Numa metamorfose tornam-se elas escritos.
Palavras que vão além de mim e da minha vida
Elas podem ser meus sentimentos, os teus ou os de Ester
Elas se pretendem universais
posto que podem ilustrar minha vida, a tua ou a de Ester.
E nesse aspecto as chamo de arte.
Não advieram de mim por maiêutica
elas são fruto de algum esforço meu
mas depois de terminadas, não mais me pertencem exclusivamente.


São meus, mas podem ser teus e de Ester também.
Há uma liberdade na escrita que se sobrepõe à cor, status e credo.
Elas pertencem a quem as quiser.
Estas palavras sentimentalóides,
esta vida de Ester,
este poema que se encerra.

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